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domingo, 13 de novembro de 2016

O PÔR-DO-SOL EM CASCAIS. SUNSET IN CASCAIS.

Éramos uma grande família cheia de queridos visitantes brasileiros sentadinha numa esplanada à espera do pôr-do-sol. Sim, porque Cascais não é Santorini, mas também tem um pôr-do-sol lindíssimo. Eis que chega um senhor que nunca vi na vida e diz que deveríamos dar lugar aos mais velhos, se estávamos a ir embora... ele aparentava uns 75 anos, aquilo era um café, tínhamos acabado de chegar e não estava muito a fim de levantar não... por sorte, vagou uma mesa logo ao nosso lado e ele e sua filha sentaram-se logo ao nosso lado. Ele ouviu o sotaque brasileiro do meu marido e começamos uma longa conversa permeada por números da dívida portuguesa, detalhes da sua emigração para o Canadá, da nossa imigração para Portugal, do significado do meu nome, e acabou com o senhor recitando uma poesia sua que a filha prometeu enviar-me por mail. Mas, o que mais me impressionou mesmo foi que ele tinha 93 anos. Aquele cérebro parecia uma máquina. Eu não sei seu passado, se foi bom ou mau, se foi famoso, se é rico ou pobre. O que me encantou foi ver que aquela criatura com uma lupa pendurada ao pescoço era muito honesto com o fato de que não conseguir enxergar muito bem, nem ouvir muito bem, e nem guardar nomes que acabou de ouvir. Mal sabe ele que tenho uns 40 anos a menos e também me esqueço de nomes que acabei de ouvir. Poderia conversar muito com aquele senhor. Pensei tanta coisa enquanto o sol se punha. Se algum dia poderia viver tanto como ele. Se algum dia poderia ter a sua memória com 93 anos. Pensei que como diz o Leandro Karnal, um inteligentíssimo historiador brasileiro cheio de vídeos no youtube, damos muito pouco valor aos mais experientes atualmente. Não sei se ele sabe o que foi o Web Summit, nem deve saber mexer no Snapchat, mas o que tem ali naquela cabeça é daquelas coisas que torna o ser humano tão intrigante. Vou dormir que amanhã é segunda-feira.